Prédios
claros com formas ousadas, grandes espaços livres, avenidas largas com muita
área verde e até uma enorme roda-gigante. A apenas 20 quilômetros de Tóquio, o
distrito de Minato Mirai 21, em Yokohama, é um cartão-postal das cidades
inteligentes. Erguida há 30 anos, a área inspira a brasileira Odebrecht para
construir a Cidade da Copa, bairro inteligente projetado para a área ao redor
do estádio de futebol Arena Pernambuco, na área metropolitana do Recife. É em
Minato Mirai, que significa Porto Futuro, que está localizada a torre mais
elevada do país, com 296 metros de altura. Museus, shopping centers, parque de
diversões, teatros e áreas verdes atraem gente de toda a região metropolitana
de Tóquio nos fins de semana.
Minato
Mirai 2012: escultura no bairro japonês planejado há 30 anos que inspira a
cidade inteligente brasileira. No verão, famílias lotam os gramados fazendo
piqueniques. O distrito com dez mil moradores recebe 58 milhões de visitantes
ao ano. A “inteligência” de Minato Mirai, onde foram investidos US$ 34 bilhões,
reside principalmente no planejamento: o passageiro de metrô já desembarca
dentro de um shopping center. Todo o bairro é servido por um sistema semelhante
a um ar-condicionado central: pequenas usinas distribuem vapor e água resfriada
por dutos aos edifícios, que regulam a temperatura desejada. Isso só é possível
porque há uma rede de túneis subterrâneos, por onde passam fios elétricos,
cabos de fibra óptica e dutos para calefação e refrigeração. O compartilhamento
da infraestrutura reduz o consumo de energia, só no ar-condicionado, em 15%.
Estruturas semelhantes, que poderão ser usadas até para coleta de lixo, já
estão em construção na Cidade da Copa pernambucana. O bairro de Yokohama,
segunda maior cidade do Japão, nasceu na área do porto, usando as últimas
novidades arquitetônicas da década de 1980 para aumentar a resistência dos
edifícios aos terremotos que assolam o Japão. Ao longo dos anos, novas
tecnologias foram incorporadas. Alugar uma bicicleta é fácil e rápido: é só
encostar o celular ou um cartão pré-pago num painel. Nos estacionamentos,
estações parecidas com bombas de gasolina carregam carros elétricos. A
passarela que leva à estação de trem tem painéis de energia solar no teto que
ajudam a mover as esteiras rolantes. A Cidade da Copa ficará em
São Lourenço da Mata, a 19 quilômetros do Recife, e também terá metrô e
integração ao aeroporto. O bairro de 240 hectares, projetado para ter até 18
mil moradores, será rodeado por ciclovias, quadras esportivas e áreas verdes,
reproduzindo às margens do rio Capibaribe o clima da Lagoa Rodrigo de Freitas,
no Rio de Janeiro. De acordo com o diretor da Odebrecht, Marcos
Lessa, o conceito arquitetônico do bairro é similar ao do distrito japonês.
“Será um ambiente aberto e agradável: a cidade é vertical, mas com grandes
espaços entre os prédios”, diz
Sucesso
turístico:
com dez mil moradores, Minato Mirai recebe 58 milhões de visitantes por ano. Na
Copa de 2014, além do estádio, estarão prontos uma arena indoor, um centro de
convenções, hotel, shop-ping center, supermercado e uma parte do novo campus
universitário. A novidade mais aguardada, feita em conjunto
com a NEC, parceira tecnológica da construtora, é um centro de comando e
controle de segurança pública. No prédio que reunirá os
sistemas da polícia e bombeiros, 100 monitores de 46 polegadas mostrarão
imagens de câmeras instaladas no estádio e pelas ruas. Na NEC em Tóquio,
demonstrações de softwares de reconhecimento facial impressionam e lembram
obras de ficção científica como o livro 1984, de George Orwell, e o filme
Minority Report, estrelado por Tom Cruise. O sistema identifica rapidamente
sexo, idade e expressões do rosto de pessoas paradas em frente a telões. É
possível armazenar dados que identifiquem criminosos, ou, no exemplo inverso,
preparem a recepção a convidados vips. A NEC vem aumentando as vendas de
sistemas para cidades inteligentes, com experiências na Índia, nos Estados
Unidos e Itália. O vice-presidente Takayuki Morita diz que a companhia,
conhecida pelos equipamentos para telecomunicações, mudou as apostas para
crescer. “Estamos aumentando as áreas de TI, energia e computação em nuvem.” O
estádio e o comércio podem ter sistemas de pagamento eletrônico semelhantes aos
usados no Japão (com celulares e cartões pré-pagos) e a cidade provavelmente
será cabeada com fibra óptica. Também haverá novidades em energia. Além de uma
usina solar, a rede de distribuição deve ser “inteligente”. Consumidores podem
gerar energia com painéis solares, por exemplo, e armazená-la em baterias de
grande capacidade, vendendo a energia para a distribuidora em horários de pico.
Softwares controlam os gastos em cada parte da residência ou empresa. O maior
desafio dos pernambucanos será fazer a realidade seguir o planejamento, o que
nem Minato Mirai conseguiu. Mesmo após 30 anos, só 60% da área foi ocupada, e
tem 78 mil empregos, menos da metade da previsão inicial de 190 mil. O
responsável pela agência de desenvolvimento urbano que criou Minato Mirai,
Takahiro Noda, diz que o mais difícil foi atrair empresas, apesar dos
incentivos. “Numa recessão e crise econômica não é fácil vender imóveis”,
afirma Noda. Incentivos atraíram grandes empresas como Nissan e Xerox, mas
ainda há muito a ser feito. Lessa, da Odebrecht, acredita que Pernambuco não
corre esse risco, já que o PIB estadual cresce acima da média nacional — 4,5%
no ano passado. “Hoje já há escassez de residências, hotelaria e escritórios na
região do Recife”, diz. Os investimentos no Estado vão desde a instalação das
empresas no complexo industrial portuário em Suape até nova fabrica de
automóveis da Fiat, em Goiana, na região metropolitana da capital.
Fonte:Istoé Dinheiro
Portal de Camaragibe