O consumidor está frustrado com a recuperação da economia, que não está ocorrendo no ritmo esperado, revela a Sondagem de Expectativas do Consumidor, divulgada nesta segunda-feira (26) pela Fundação Getulio Vargas (FGV). A queda de 1,4% do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), que compõe a sondagem, reflete um cenário de pessimismo com a capacidade da economia de reagir à crise, explica a economista Viviane Seda, do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV).
Em novembro, a avaliação do consumidor sobre a situação atual voltou a cair (-0,7%), após dois meses de alta, enquanto as expectativas para os próximos seis meses ficaram ainda piores. O Índice de Expectativa (IE), que juntamente com o Índice de Situação Atual (ISA) forma o ICC, ficou negativo em 1,9% na passagem de outubro para novembro, após retração de 1,0% no mês anterior na comparação com setembro.
"Historicamente, o índice está bastante acima da média. Mas não era esperado que caísse no fim do ano, um período de emprego temporário, compras de natal e renda extra", destacou Viviane.
As projeções sobre a economia são ainda piores entre os entrevistados das faixas de renda mais baixas. Para aqueles com rendimento mensal de até R$ 2,1 mil, da faixa um, o ICC caiu 4 3%; e para as famílias com renda de R$ 2,1 mil a R$ 4,8 mil, da faixa dois, a queda foi de 2,1%. Para estes dois grupos de consumidores pesam no orçamento as dívidas ainda não sanadas e a perspectiva de que o mercado de trabalho não terá fôlego suficiente para manter a geração de emprego no mesmo ritmo com que vem resistindo à crise neste ano.
Entre os destaques negativos da sondagem de novembro, a FGV aponta a piora das expectativas no indicador de emprego no futuro, que retraiu 7,6% de outubro para novembro, após dois meses de alta. Como consequência, caíram também as previsões de compra de bens duráveis (-2,6%), na comparação com o mês imediatamente anterior.
O receio em ir às compras é maior entre os consumidores das faixas de renda um e dois. Para estes grupos, a retração na intenção de aquisição de duráveis foi de 8,7% e 6,4%, respectivamente, de outubro para novembro. No trimestre, os mesmos grupos acumulam queda de 13% e 7%, respectivamente.
"O resultado reflete um consumidor mais endividado do que os demais e que está esperando as rendas extras para quitar dívidas", salientou Viviane, complementando que estes mesmos consumidores, das faixas de renda um e dois, demonstraram preocupação com a retomada dos juros e com o encarecimento da dívida.
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