De OGlobo.com
O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão, assumiu oficialmente nesta quinta-feira a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF). Participaram da cerimônia de posse a presidente Dilma Rousseff, o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e o presidente do Senado, José Sarney. Em seu discurso, Barbosa enfatizou a necessidade de independência do juiz.
- É preciso reforçar a independência do juiz. Afastá-lo desde cedo das más influências - ressaltou Barbosa, que criticou a promoção de juízes de primeiro grau por interesses políticos. Ao bordar este assunto, Barbosa foi aplaudido.
Barbosa, entretanto, disse que o juiz “é um produto do seu meio e do seu tempo”.
- Nada mais ultrapassado e indesejável do que aquele modelo de juiz isolado, como se estivesse fechado em uma torre de marfim - disse ele, que também falou dos problemas da Justiça:
- Há um grande déficit de justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados com igual consideração quando buscam o serviço público da Justiça - afirmou.
Ele finalizou:
- A noção de justiça é indissociável da noção de igualdade. Quando se associam justiça e igualdade, emerge o cidadão.
Junto com Barbosa, assumiu o cargo de vice-presidente o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do mensalão. Os dois ministros trocaram farpas em várias ocasiões durante o julgamento, mas prometem ter um relação mais cordial no comando da corte. O mandato deles tem duração de dois anos.
A solenidade foi aberta com a execução do hino nacional pelo músico Hamilton de Holanda. Em seguida, o ministro Joaquim Barbosa leu o compromisso de posse. Coube ao atual diretor-geral do STF, Fernando Silveira Camargo, ler o termo de posse do ministro Joaquim Barbosa no cargo de presidente do STF e também de presidente do CNJ.
O decano da Corte, ministro Celso de Mello, ocupou a presidência por alguns momentos, e então convidou Barbosa para ler o compromisso de posse. O presidente do STF deu, então, posse ao novo vice-presidente.
O discurso de saudação foi feito pelo ministro Luiz Fux, o mais alinhado com Barbosa no julgamento do mensalão. Ele, que é amigo pessoal de Barbosa, foi convidado pelo novo presidente da Corte para falar em nome do tribunal. Fux começou o discurso agradecendo a presidente Dilma Rousseff por sua indicação. Ele saudou Barbosa destacando suas qualidades.
- A suprema Corte me incube de saudar o ministro Joaquim Barbosa: um paradigma de cultura, coragem e honradez – disse Fux, que logo depois elogiou a trajetória acadêmica e profissional do novo presidente.
- Aqui nessas palavras vai um verdadeiro testamento de fé, de amor por vossa excelência - disse ele.
Ele também aborbou também a independência do juiz.
- Nós, os juízes, não tememos nada nem a ninguém.
Também falou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em nome do Ministério Público. Depois, falou e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante.
Na quarta-feira, Barbosa já comandou a corte, durante a 47ª sessão do mensalão, uma vez que o ex-presidente do STF, o ex-ministro Carlos Ayres Britto, se aposentou compulsoriamente ao completar 70 anos. Na sessão, o relator foi mais sereno e paciente do que nas sessões anteriores.
Devido à aposentadoria de Ayres Britto, o STF informou em seu site que a cerimônia de posse seria “especialmente peculiar", sem "o discurso de despedida de seu antecessor no dia da posse, como tradicionalmente ocorre".
Ex-ministro da Justiça diz que presidência será um sucesso
O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos disse nesta quinta-feira que a presidência de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal (STF) será “um sucesso”. Segundo Bastos, Barbosa é experiente e sabe separar a condição de ministro da Corte da de administrador.
A mãe de Joaquim Barbosa, Benedita Gomes da Silva, foi ao Supremo para a posse do filho, acompanhada de filhos e netos e por um brigadista da Corte, que zela por sua saúde. Dona Benedita está sentada na primeira fileira, bem ao centro do plenário, de frente para a cadeira que seu filho passa a ocupar.
- Estou muito feliz. Está tudo ótimo, tudo bem – disse Dona Benedita, que ainda afirmou que não imaginava que o filho iria chegar a ocupar a presidência da Suprema Corte do Brasil. - Estou muito orgulhosa.
Comparecem ao evento os atores Lázaro Ramos, Taís Araújo, Regina Casé e Milton Gonçalves. O rapper MV Bill, o cantor Djavan e o piloto Nelson Piquet também devem estão presentes. Também comparecem os amigos de Barbosa da França, da Alemanha, da Inglaterra e dos Estados Unidos, da época em que o ministro tinha vida acadêmica no exterior.
Na posse, participaram representantes do movimento negro, como o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, e o advogado Humberto Adami, do Instituto de Advocacia Racial.
Trajetória
O ministro chegou ao STF em 2003 por recomendação de Frei Betto e por indicação do ex-presidente Lula. O ex-presidente queria um negro para um cargo tão representativo e escolheu Barbosa, até ali um pouco conhecido procurador da República no Rio. Em 2006, ainda um novato no STF, Barbosa deu mostras da independência e da firmeza que marcariam sua trajetória de juiz. Ele acolheu quase na íntegra a denúncia do ex-procurador Antônio Fernando de Souza contra 40 réus do mensalão, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado José Genoino, dois ex-dirigentes do PT, partido que viabilizara a chegada dele ao tribunal.
A trajetória de Barbosa no STF foi marcada por desavenças públicas com colegas do tribunal. O ministro discutiu abertamente com Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Também teve entreveros com o ex-ministro Cezar Peluso.
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- É preciso reforçar a independência do juiz. Afastá-lo desde cedo das más influências - ressaltou Barbosa, que criticou a promoção de juízes de primeiro grau por interesses políticos. Ao bordar este assunto, Barbosa foi aplaudido.
Barbosa, entretanto, disse que o juiz “é um produto do seu meio e do seu tempo”.
- Nada mais ultrapassado e indesejável do que aquele modelo de juiz isolado, como se estivesse fechado em uma torre de marfim - disse ele, que também falou dos problemas da Justiça:
- Há um grande déficit de justiça entre nós. Nem todos os brasileiros são tratados com igual consideração quando buscam o serviço público da Justiça - afirmou.
Ele finalizou:
- A noção de justiça é indissociável da noção de igualdade. Quando se associam justiça e igualdade, emerge o cidadão.
Junto com Barbosa, assumiu o cargo de vice-presidente o ministro Ricardo Lewandowski, revisor do mensalão. Os dois ministros trocaram farpas em várias ocasiões durante o julgamento, mas prometem ter um relação mais cordial no comando da corte. O mandato deles tem duração de dois anos.
A solenidade foi aberta com a execução do hino nacional pelo músico Hamilton de Holanda. Em seguida, o ministro Joaquim Barbosa leu o compromisso de posse. Coube ao atual diretor-geral do STF, Fernando Silveira Camargo, ler o termo de posse do ministro Joaquim Barbosa no cargo de presidente do STF e também de presidente do CNJ.
O decano da Corte, ministro Celso de Mello, ocupou a presidência por alguns momentos, e então convidou Barbosa para ler o compromisso de posse. O presidente do STF deu, então, posse ao novo vice-presidente.
O discurso de saudação foi feito pelo ministro Luiz Fux, o mais alinhado com Barbosa no julgamento do mensalão. Ele, que é amigo pessoal de Barbosa, foi convidado pelo novo presidente da Corte para falar em nome do tribunal. Fux começou o discurso agradecendo a presidente Dilma Rousseff por sua indicação. Ele saudou Barbosa destacando suas qualidades.
- A suprema Corte me incube de saudar o ministro Joaquim Barbosa: um paradigma de cultura, coragem e honradez – disse Fux, que logo depois elogiou a trajetória acadêmica e profissional do novo presidente.
- Aqui nessas palavras vai um verdadeiro testamento de fé, de amor por vossa excelência - disse ele.
Ele também aborbou também a independência do juiz.
- Nós, os juízes, não tememos nada nem a ninguém.
Também falou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, em nome do Ministério Público. Depois, falou e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante.
Na quarta-feira, Barbosa já comandou a corte, durante a 47ª sessão do mensalão, uma vez que o ex-presidente do STF, o ex-ministro Carlos Ayres Britto, se aposentou compulsoriamente ao completar 70 anos. Na sessão, o relator foi mais sereno e paciente do que nas sessões anteriores.
Devido à aposentadoria de Ayres Britto, o STF informou em seu site que a cerimônia de posse seria “especialmente peculiar", sem "o discurso de despedida de seu antecessor no dia da posse, como tradicionalmente ocorre".
Ex-ministro da Justiça diz que presidência será um sucesso
O ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos disse nesta quinta-feira que a presidência de Joaquim Barbosa no Supremo Tribunal Federal (STF) será “um sucesso”. Segundo Bastos, Barbosa é experiente e sabe separar a condição de ministro da Corte da de administrador.
A mãe de Joaquim Barbosa, Benedita Gomes da Silva, foi ao Supremo para a posse do filho, acompanhada de filhos e netos e por um brigadista da Corte, que zela por sua saúde. Dona Benedita está sentada na primeira fileira, bem ao centro do plenário, de frente para a cadeira que seu filho passa a ocupar.
- Estou muito feliz. Está tudo ótimo, tudo bem – disse Dona Benedita, que ainda afirmou que não imaginava que o filho iria chegar a ocupar a presidência da Suprema Corte do Brasil. - Estou muito orgulhosa.
Comparecem ao evento os atores Lázaro Ramos, Taís Araújo, Regina Casé e Milton Gonçalves. O rapper MV Bill, o cantor Djavan e o piloto Nelson Piquet também devem estão presentes. Também comparecem os amigos de Barbosa da França, da Alemanha, da Inglaterra e dos Estados Unidos, da época em que o ministro tinha vida acadêmica no exterior.
Na posse, participaram representantes do movimento negro, como o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, José Vicente, e o advogado Humberto Adami, do Instituto de Advocacia Racial.
Trajetória
O ministro chegou ao STF em 2003 por recomendação de Frei Betto e por indicação do ex-presidente Lula. O ex-presidente queria um negro para um cargo tão representativo e escolheu Barbosa, até ali um pouco conhecido procurador da República no Rio. Em 2006, ainda um novato no STF, Barbosa deu mostras da independência e da firmeza que marcariam sua trajetória de juiz. Ele acolheu quase na íntegra a denúncia do ex-procurador Antônio Fernando de Souza contra 40 réus do mensalão, entre eles o ex-ministro José Dirceu e o ex-deputado José Genoino, dois ex-dirigentes do PT, partido que viabilizara a chegada dele ao tribunal.
A trajetória de Barbosa no STF foi marcada por desavenças públicas com colegas do tribunal. O ministro discutiu abertamente com Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Ricardo Lewandowski. Também teve entreveros com o ex-ministro Cezar Peluso.
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