quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Grécia continua sem ajuda...



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O primeiro-ministro grego advertiu aos sócios e credores do país para o risco de desestabilização da zona do euro após a falta de acordo
                                   

A Eurozona fracassou na tentativa de alcançar um acordo para liberar uma parcela da ajuda à Grécia, pendente desde junho, e também não conseguiu superar as divergências com o FMI para aliviar a dívida grega, após 11 horas de intensos debates que terminaram durante a madrugada desta quarta-feira (21).

"Não conseguimos um acordo. O Eurogrupo voltará a ter uma reunião em 26 de novembro", afirmou o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schauble, ao fim da reunião com os colegas da zona do euro, na qual também estavam presentes a diretora do FMI, Christine Lagarde, e o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.

"Estou um pouco decepcionado", afirmou o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker. Os ministros do bloco também deveriam superar as divergências com o FMI para aliviar o peso da dívida grega. Mas esta meta também não foi atingida. "Estamos aproximando nossas posições", disse Juncker.

"Há muitos assuntos técnicos muito complicados, ainda temos que fazer muitos cálculos. Aconteceram avanços, mas precisamos fazer mais", disse a diretora do FMI.

Na semana passada, o Eurogrupo convocou uma reunião extraordinária para o dia 20 com a intenção de desbloquear uma parcela de 31,2 bilhões de euros de um resgate pendente há cinco meses, a qual devem ser somadas provavelmente outras duas parcelas previstas até o fim do ano, o que elevaria a ajuda a € 44 bilhões.

No entanto, os principais credores da Grécia (UE, FMI e BCE) adiaram um acordo para a próxima segunda-feira, que depois deverá ser aprovado pelos Parlamentos nacionais.

Os credores concordaram na semana passada em dar a Atenas mais dois anos para o cumprimento da meta de déficit de 3% do PIB em 2016, ao invés de 2014. Mas o adiamento implica que a Grécia precisará de mais 32,6 bilhões de euros.

Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro grego Antonis Samaras advertiu aos sócios e credores do país para o risco de desestabilização da zona do euro após a falta de acordo.

"Nossos sócios e o FMI têm o dever de concretizar o que assumiram, não se trata apenas do futuro de nosso país, mas da estabilidade de toda a Eurozona, que depende do êxito da conclusão deste esforço nos próximos dias", declarou Samaras.

"As eventuais dificuldades técnicas que complicam a solução não servem de desculpa para qualquer atraso ou ineficiência", completou o premier grego, antes de acrescentar que o país "fez o que tinha que fazer e aquilo a que se havia comprometido".

O grande dilema é como financiar a operação e ao mesmo tempo encontrar uma solução que reduza a dívida do país, que já soma cinco anos consecutivos de recessão.

O trio de credores precisa encontrar uma fórmula que responda às rígidas condições impostas por países como a Alemanha para continuar recebendo ajuda e não afundar ainda mais o governo grego, que enfrenta uma população cansada de cortes e de austeridade.

A dívida da Grécia é grande. Após as duas linhas de crédito de 240 bilhões de euros, a dívida grega alcançará no próximo ano quase 190% do PIB - 346 bilhões de euros -, de acordo com as últimas previsões.

A situação do FMI, do BCE da zona do euro é complicada. Os europeus acreditam que a resposta "mais fácil" seria dar à Grécia mais dois anos, até 2022, para que a dívida do país volte a ser sustentável.

Mas o FMI é inflexível neste ponto e insiste em dizer que a relação dívida/PIB da Grécia terá de ser 120% em 2020. Caso contrário, o FMI se retirará do programa de resgate ao país.

Os europeus temem que o setor público (credores institucionais), que detém 70% da dívida pública grega, aceite quitar uma parte da dívida similar à aprovada pelo setor privado no começo do ano, como propõe o FMI.

"Vamos tentar negar essa quitação", disse o ministro da Economia espanhol, Luis de Guindos, antes da reunião. "Existem alternativas para aliviar o peso da dívida", completou.

Na união monetária, que já entrou em recessão, e à medida que se aproximam as eleições na Alemanha, nenhum país quer assumir a responsabilidade de pedir mais aos contrinbuintes europeus.

As possibilidades são variadas: reduzir os juros que a Grécia tem que pagar, uma moratória no que for pago dos juros, um alargamento dos vencimentos e uma recompra da dívida grega através de um empréstimo do fundo de resgate permanente (MEDE).

As autoridades gregas avisaram que o país não terá outra opção a não ser suspender os pagamentos se não receber ajuda. Sobretudo depois que o Parlamento aprovou o projeto de orçamento de austeridade para 2013 com 18,1 bilhões de euros adicionais de economia até 2016.

"Estamos muito impressionados com tudo que a Grécia vem fazendo. A Grécia fez o que tinha que fazer. Agora, temos que atuar", disse Juncker.

Com informações do NE10

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